RENATTA

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PARA TRANESCREVER ME FAZ VIAJAR EM LUGARES DISTANTES ONDE O CORAÇÃO E A MENTE VOAMSCREVER AO PAPE

PARA TRANESCREVER ME FAZ VIAJAR EM LUGARES DISTANTES ONDE O CORAÇÃO E A MENTE VOAMSCREVER  AO PAPE
Sou....Mulher amiga, amante, mãe...Mulher que inicia seu dia trabalhando...E termina, amando...Mulher que protege, luta briga e chora.. E que nunca deixa o cansaço.. Tirar o seu sorriso, sua força, a esperança..Que está sempre pronta a amar, e proteger a sua prole... Sua vida, o seu amor..Mesmo que esteja chorando por dentro..No seu olhar esta sempre presente.. A força de lutar por tudo o que quer Mesmo cansada.. Está sempre pronta para seguir em frente..E quando cai, se levanta tirando de sua queda..Uma grande lição..Aprendendo então, a passar por cima das armadilhas da vida.. Mulher Guerreira que se torna..Forte e frágil ao mesmo tempo...Que busca dentro de seu interior a força..Que chora para poder se fortalecer..Através das lágrimas que rolam.. Que se levanta para poder...Levantar a quem está em sua volta..Precisando de uma palavra de carinho..De esperança, de amor... Essa é a mulher guerreira Que se faz de forte..Mas ao mesmo tempo é tão frágil...Como um cristal...Mas que não se deixa quebrar tão facilmente... Sou filha de Iansã....e de Ogum... SIMPLESMENTE RÊ

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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

FALTA DE CONHECIMENTO LEVA A DISCRIMINAÇÃO DE PESSOAS DEPRIMIDAS



"... a medicina possui instrumentos significativos para cuidar das
 doenças, mas não possui instrumentos para tratar a questão do sofrimento"
Dentro de nós: as respostas sobre a depressão,
 documentário de Mariana Bottan, aborda a
 depressão na perspectiva daquele que sofre, 
ao mesmo tempo em que ouve profissionais 
sobre o problema. 
Quando Mariana me procurou para gravar 

uma entrevista para o documentário, considerei 
sua proposta de extrema importância. 
Qual o objetivo daquela jornalista ao 
realizar um documentário independente 
sobre depressão? "Ajudar as pessoas que sofrem",
 foi a resposta dela.
Quando o documentário ficou pronto, outra surpresa: o resultado. 
De fato, ela conseguiu abordar a questão de modo original e na
 perspectiva daquele que sofre. Então, propus à Mariana que
 fizéssemos debates a partir da exibição do documentário. 
Se o objetivo é auxiliar aquele que sofre com a depressão, 
seus amigos e familiares, é importante que a ideia circule e 
propicie o debate.

Iniciamos, na última sexta-feira, nossos debates. Que grata surpresa! 

Pessoas interessadas em pensar a questão da depressão e suas
 múltiplas faces; pessoas partilhando seus depoimentos, sua história 
com a depressão... qual o nosso objetivo? O mesmo, ainda: 
auxiliar as pessoas para que possam lidar com suas questões.

Este é também o objetivo da filosofia clínica. O protagonista

 do processo clínico é o partilhante - pessoa que procura um 
filósofo clínico. Justamente por isso é chamado partilhante,
 porque é ele quem partilha sua historicidade, suas questões, 
sua existência com o filósofo clínico. Este tem na metodologia 
filosófica a sua contribuição para a partilha. Permitir ao partilhante 
que se aproprie de um conhecimento de si e do mundo que o rodeia,
 que conheça a gênese e o desenvolvimento das questões que lhe
 inquietam, que tenha clareza sobre suas necessidades e 
possibilidades, assim como as necessidades e possibilidades
 do mundo a seu redor são objetivos da clínica filosófica.

Pensar junto com o outro, exercitar a escuta atenta, estar disposto 

a partilhar são tarefas imprescindíveis ao filósofo clínico.
 Seus conhecimentos filosóficos são colocados à disposição para
 a investigação rigorosa e necessária da realidade vivida pelo
partilhante, assim como para o exame das possibilidades 
existentes para que a pessoa possa lidar com suas questões. 
E lá estávamos nós, em meio ao debate, pensando juntos.
 E deste pensar, muitas questões. Destaco, aqui, algumas delas.

O documentário, apesar de apresentar as diferentes formas de 

tratamento, inclusive o uso de medicamentos, parece privilegiar
 formas alternativas de tratamento, em especial as terapias 
e a meditação. "As pessoas devem evitar medicamentos?" - 
foi uma das questões. É importante destacar que não há uma
 resposta universal para esta questão. Algumas pessoas 
precisam necessariamente tomar medicamentos, enquanto 
outras não devem fazê-lo. Para saber se é ou não o caso de 
tomar medicamentos para tratar a depressão, é preciso 
consultar um médico, e descrever com detalhes aquilo que
 se passa: o que vive, sente, pensa, faz etc. O diagnóstico
 e as perspectivas de tratamento são apresentados ao paciente 
pelo médico.
Filosofia da mente e psicoterapias

No livro Filosofia da Mente e Psicoterapias (WAK, 2009), 

ao tratar da causação mental, ou seja, como os estados
 físicos interferem nos estados mentais e vice-versa, 
abordei o que ocorre quando um médico ou terapeuta,
 influenciado pelas teorias da mente nas quais acredita,
 parte dessas para escolher as melhores formas de 
tratamento para seu paciente. Se o médico for adepto de 
um materialismo radical, apostará, muito provavelmente, 
nos medicamentos ou em outras formas de intervenção
 direta nos estados físicos. Se o médico for adepto de
 uma teoria dualista, provavelmente apostará na associação
 entre medicamentos e terapia; e assim sucessivamente.

Há casos em que a medicação é imprescindível, é perigoso 

não tomá-la. Há casos em que ela não é necessária, e
 outros em que ela não deve ser tomada, pois se o for, 
será prejudicial à pessoa. Repito, quem avalia a necessidade
 ou não de medicamentos é somente o médico. Mas ele só
 poderá fazê-lo acertadamente se seu paciente descrever 
exatamente o que se passa, o que consegue ou não fazer, 
detalhes de sua rotina, de seus pensamentos, de seus
 sentimentos, de seu cotidiano...

É preciso, obviamente, tempo e disposição do médico para a

 escuta, assim como disposição do paciente para expor 
seu relato. Além disso, será necessário considerar uma correta 
compreensão da linguagem da pessoa, para tal o médico 
deverá esclarecer os pontos que lhe parecerem confusos ou
 ambíguos, assim como observar os contextos a partir dos
 quais a pessoa relata o que sente. Como já citado 
anteriormente, em outro artigo, Figueiró, em Dor e
 Saúde Mental (Atheneu, 2004), descreve as diferentes
 maneiras como a dor é relatada e tratada em diferentes 
culturas, destacando a importância daquele que trata observar
 aspectos sociais e culturais do paciente.

Se o médico é quem pode cuidar da questão medicamentos,

 qual o papel de outros profissionais? Qual o papel do filósofo clínico?

A filosofia clínica nasce com Lúcio Packter, pensador

 brasileiro cuja formação inicial é na área médica. 
Packter observa que a medicina possui instrumentos 
significativos para cuidar das doenças, mas não possui
 instrumentos para tratar a questão do sofrimento. 
O sofrimento que temos diante da morte, das perdas,
 das limitações cotidianas.

Assim, enquanto o médico possui instrumentos para lidar

 com a doença, o psicólogo com as questões psíquicas e
 comportamentais, o filósofo clínico possui uma metodologia
 que permite tratar as questões existenciais. "Perdi meu chão", 
"Nada do que era importante faz sentido para mim", "Não há
 o que eu possa fazer diante disto", "Não sou mais a mesma
 pessoa", "Não consigo viver com isso", e muitas outras 
expressões que denotam questões existenciais, questões 
para as quais não temos respostas, não sabemos o que 
fazer. Este é o campo de atuação do filósofo clínico.

Se o partilhante não sabe o que fazer, o filósofo clínico

 também não. Ele não possui respostas prontas para as questões.
 Seu papel é pesquisar e pensar junto com o partilhante,
 as possibilidades. É auxiliá-lo a construir sua existência a
 partir daquilo que lhe é dado, dos elementos e instrumentos
 que possui. É auxiliá-lo, também, a desenvolver novos 
instrumentos, necessários às novas questões que se colocam.

Outro ponto fundamental no debate foi a percepção do

 quanto desconhecemos o que diz respeito ao mental 
e, em especial, os diferentes transtornos mentais. 
Mais do que isso, o quanto esse desconhecimento
 traz discriminação, prejuízos, incompreensão àqueles que
 sofrem.Banalização dos transtornos mentais
O processo de naturalização dos transtornos mentais os 
torna linguagem cotidiana. Não ficamos mais tristes, 
ficamos deprimidos; não ficamos agitados, ficamos
 maníacos; não sonhamos, deliramos... Esse mesmo
 processo de naturalização banaliza as questões, e
 gera incompreensões terríveis àqueles que sofrem com
 os transtornos. Nos depoimentos, pudemos observar
 que muitos familiares não compreendem, acham que basta 
desejar e a depressão será superada, afinal, todo mundo,
 um dia, já ficou "deprimido"; alguns empregadores 
confundem o funcionário que está deprimido com alguém
 que está acomodado e não quer trabalhar. 
O conhecimento acerca dos processos que acometem
 uma pessoa com depressão, se pretendemos auxiliá-la,
 é de extrema importância.

Mas a questão radical levantada diz respeito às cobranças

 sociais, às quais muitas vezes não respondemos, mas que
 traçam padrões de como se deve viver, sentir, pensar...

Há lugar para a tristeza na nossa sociedade?

Há lugar para ser diferente daquilo que se espera socialmente?

Como lidar com as divergências entre as formas de vida

 vigentes e nossas necessidades?

Como ser e valorizar a si mesmo e ao outro num

 mundo onde o valor central é a produtividade?

Entre tantas questões, não encontramos uma única

 resposta, mas tantas quantas pessoas existentes 
naquele ambiente. Contudo, o caminho ficou 
muito claro: "Espaços como este, que permitem 
alar sobre estas questões, partilhar o que se pensa,
 já são um grande passo!".

E então, leitor, quais espaços você possui ou propicia, 

que permitem a conversação sobre as questões do existir?

Para saber mais:

AIUB, M. Como ler a Filosofia Clínica. São Paulo: Paulus, 2010.
_____. Filosofia da Mente e Psicoterapias. Rio de Janeiro: WAK, 2009.
_____ (org). Conceitos que sentem, afetos que pensam. Rio de Janeiro: WAK, 2013.
CARVALHO, J. M. Diálogos em Filosofia Clínica. São Paulo: FiloCzar, 2013.
FIGUEIRÓ, J. (org). Dor e Saúde Mental. São Paulo: Atheneu, 2004.
PACKTER, L. Semiose. São Paulo: FiloCzar, 2014.
Dentro de nós: as respostas sobre a depressão - www.dentrodenos.com.br
Filosofia Clínica: Instituto Interseção - www.institutointersecao.com.br

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