*Luiz Tadeu Martins de Oliveira
A palavra “trauma” em sua
raiz etimológica
grega
significa lesão causada por um agente externo.
Hoje, trauma ainda está
ligado ao significado de ferida.
Considera-se ocorrência de
um trauma, de uma ferida quando
as defesas psicológicas naturais são
transgredidas.
Defesas
psicológicas são aprendizagens desejáveis, formas
de pensar de superação de um problema ou dor,
recursos
construídos pela pessoa,
tais como gostares, hobbies, saberes,
superações de dificuldades
passadas, crenças, valores afetivos
e morais, mudanças adquiridas no pensar que
geram mudanças
na forma de lidar com o mundo. Em situações de dor acerba tais
defesas e recursos psicológicos podem não ser suficientes.
Autores
afirmam que a maioria de nós vivenciou ou vivenciará pelo
menos uma experiência
passível de causar trauma psicológico.
É bom lembrar, que eventos estres sores
em si não levam
obrigatoriamente à manifestação de traumas psicológicos,
pois
experiências intensas disparam efeitos variáveis de acordo
com as defesas e
recursos psicológicos de cada pessoa.
Um mesmo evento, acidente de trânsito ou
aéreo serão percebidos
, interpretados, lidos diferentemente pelas mesmas
pessoas que
estavam no momento do evento.
Há
que se frisar o papel de uma função mental superior, a memória.
Grosso modo,
conceitua-se memória como a capacidade de organizar
e reconstruir as
experiências e impressões passadas a serviço de
necessidades, temores e
interesses atuais, ou a capacidade de alterar
o comportamento em função de
experiências anteriores.
Utilizando-se
do conceito de memória juntamente com o de trauma
acima exposto, temos então o
de “memória traumática” como um
dos sintomas centrais decorrentes do trauma
psicológico, da lesão
ou ferida às defesas psicológicas.
A
memória traumática vem carregada de imagens, emoções dos
eventos traumáticos do
passado revividos no momento atual, por
intermédio de sintomas, tais sejam:
Comprometimentos cognitivos
(confusão mental, desorientação temporal,
dificuldade de concentração
e de tomada de decisões, dificuldade de expressar
pensamentos,
diminuição na percepção, incredulidade e descrença, pensamentos
intruso-indesejados,
perturbações de memória, pesadelos,
aumento de preocupações).
Comprometimentos
emocionais (ansiedade, apreensão, culpa,
desamparo, desesperança, desespero,
irritabilidade, negação,
pânico, raiva, tristeza).
Comprometimentos
físicos (abuso de drogas, alterações cardiovasculares,
arrepios, estado de
alerta e hiperatividade, fadiga, fraqueza, insônia,
perda da energia sexual, do
apetite ou compulsões, somatizações
como dor de cabeça, desconfortos gástricos,
diarreia,
dor de estômago, náusea). Comprometimentos interpessoais
(aumento de
conflitos nos relacionais sociais como pouca
paciência em filas, no trânsito etc.,
isolamento, perturbações familiares,
prejuízo do desempenho profissional,
recusa ou dificuldade em seguir
regras ou ordens).
A
lembrança específica de memória traumática de episódios ocorridos
em condições
extremas de estresse pode disparar formação de padrões
defensivos de
comportamento (medos exagerados em situações que
não mais oferecem riscos), que
não são mais apropriados ao momento
atual, contribuindo com alterações ao
equilíbrio psicológico, biológico
e social de uma pessoa.
O
que fica como importante é a necessidade de buscar-se um sentido
de coerência
interna diante dos traumas, pela capacidade de pensar,
sentir e agir de cada
pessoa, a médio e longo prazo conforme o impacto
do trauma causado na vida de
cada um e como foi interpretado e
recebido no mundo interior.
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