Por Marcia Chicareli
Pessoas, cá estou para juntos refletirmos sobre questões cotidianas.
Dessas que aparecem o tempo inteiro no consultório e muitas vezes,
para nós, especialistas em saúde mental parece óbvio, mas para
quem vive o dilema – não consegue enxerga-lo – como óbvio.
Já pensei muito nisso! Quantas vezes acabamos por disponibilizar
alternativas óbvias para as pessoas que buscam ajuda em clínica.
Calma! Não estou falando das crises, ou das fobias, ou dos
distúrbios em geral, estou falando sobre o dia a dia,
corrido, massacrante, estressante que a vida moderna nos
oferece e que ninguém pode dar de ombros uma vez que
as pessoas precisam trabalhar, estudar, mas também
precisam sair para jantar, ir ao teatro, cinema,
ver e viver a vida despretensiosamente.
Mas o assunto agora são os desencontros dentro do casamento.
Uma vez ouvi que para ter o Nós, precisaria existir o
Eu e o Tu. Logo dois. Individualidade. Mas não é assim
que acontece na maioria dos casamentos. Não faço
distinção entre hétero, homo, isso para mim não existe.
O que existe são duas pessoas, do mesmo sexo ou
não, isso realmente não importa. O que importa é porque
essas pessoas tendem a anular a outra para se sentirem
seguras dentro de uma relação que acaba ficando infeliz.
É tão saudável ter histórias novas para contar, poder
dividir projetos, contar da próxima viagem de trabalho
ou com os amigos. Os homens gostam daquela
cervejinha para relaxar, mas as mulheres acham
isso um absurdo, e a hora do futebol então, inadmissível.
Minhas pessoas, minhas pessoas!! Isso não é conselho,
é apontamento. Essa necessidade em anular o outro
para manter o pseudo controle na relação é coisa antiga,
arcaica e que não leva casal a lugar nenhum.
É tão bom o sorriso largo e frouxo, diminuir as cobranças,
perguntar sem cobrar, responder sem acusar.
Os relacionamentos tem terminado por falta de reciprocidade.
Tenho acompanhado em consultório verdadeiros jogos com
disputas onde um tem sempre que ganhar e o outro não
suporta perder.
Os homens reclamam da diminuição da frequência sexual,
as mulheres reclamam da falta de atenção dos parceiros,
as meninas que se casam com meninas reclamam do ciúme
exagerado, os meninos que se casam com meninos reclamam
de falta de atenção.
O que eu penso, ainda que em análise, é que a alternativa é
que cada um fique bem consigo e para de buscar no
outro soluções para frustrações já instaladas e que os
relacionamentos não sejam depósitos de cobranças e
acusações, de disputas sem fim.
Uma briga gasta tanta energia que poderia ser usada para
a harmonia e o equilíbrio do casal. Ah! E mais uma
questão. Ninguém está condenado a viver com ninguém
, faça do seu casamento um encontro, um querer bem,
dia após dia...
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