RENATTA

RENATTA

PARA TRANESCREVER ME FAZ VIAJAR EM LUGARES DISTANTES ONDE O CORAÇÃO E A MENTE VOAMSCREVER AO PAPE

PARA TRANESCREVER ME FAZ VIAJAR EM LUGARES DISTANTES ONDE O CORAÇÃO E A MENTE VOAMSCREVER  AO PAPE
Sou....Mulher amiga, amante, mãe...Mulher que inicia seu dia trabalhando...E termina, amando...Mulher que protege, luta briga e chora.. E que nunca deixa o cansaço.. Tirar o seu sorriso, sua força, a esperança..Que está sempre pronta a amar, e proteger a sua prole... Sua vida, o seu amor..Mesmo que esteja chorando por dentro..No seu olhar esta sempre presente.. A força de lutar por tudo o que quer Mesmo cansada.. Está sempre pronta para seguir em frente..E quando cai, se levanta tirando de sua queda..Uma grande lição..Aprendendo então, a passar por cima das armadilhas da vida.. Mulher Guerreira que se torna..Forte e frágil ao mesmo tempo...Que busca dentro de seu interior a força..Que chora para poder se fortalecer..Através das lágrimas que rolam.. Que se levanta para poder...Levantar a quem está em sua volta..Precisando de uma palavra de carinho..De esperança, de amor... Essa é a mulher guerreira Que se faz de forte..Mas ao mesmo tempo é tão frágil...Como um cristal...Mas que não se deixa quebrar tão facilmente... Sou filha de Iansã....e de Ogum... SIMPLESMENTE RÊ

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segunda-feira, 16 de março de 2015

UM DIA

SAINT-CLAIR MELLO

Um dia, você acorda com dores pelo corpo. 
Hoje dói o cotovelo esquerdo, ao rotacionar o braço. 
Outro dia, se esquece de pingar o colírio que controla 
a pressão ocular. Outro dia, é a vez de deixar de tomar
 o remédio para manter o colesterol baixo. Ou aquele
 da glicose. Um dia, deixa de pagar a conta, porque 
ficou o tempo inteiro à mercê do nada e 
simplesmente se esqueceu. Outro dia, pega 
seu neto no colo, ajuda-o a comer, dá-lhe banho,
 sai com ele a passear no calçadão da praia. 
Um dia, amanhece torto, porque o travesseiro
 antigo está deformado e lhe produziu um torcicolo, 
ou é a dor ciática que relampeia da popa à batata
 da perna. Uma tarde, você vai ao cinema, na hora 
em que a maioria da população está no trampo.
E, ainda por cima, paga meia entrada. E fica no ar 
condicionado gelado, enquanto lá fora um bando
 sua em bicas, à cata dos afazeres. Na outra tarde, 
embora não pague a passagem do ônibus, tem
 dificuldades de subir os degraus – os joelhos 
já assolados por artroses. Noutra tem de ouvir
 reclamação inconveniente do jovem na fila, 
só porque exerce seu direito à preferência. 
Mas tem todo o direito de olhar a mesma menina 
bonita que passa de roupa de praia diante do bar
 onde ambos – você e o jovem – bebem cerveja e 
falam de futebol descompromissadamente. Um dia,
 você acorda nostálgico e lembra da infância perdida
 pelos 50, do carro de boi de sabugo de milho, da
 siliprina com os outros moleques, dos banhos de
 chuva nos verões perdidos no tempo. Outro dia,
 enfrenta a fila para tirar o sangue e conferir os 
dados do organismo que já não funciona mais 
com a desenvoltura de menino. Uma noite perde 
o sono por nada, a troco de nada, despreocupado
 de tudo, os filhos e netos bem encaminhados na 
vida, e toma um sonífero, porque os carneirinhos 
não pulam mais sobre a cerca da madrugada.
Numa manhã, acorda serelepe como há muito não
 fazia, como se o tempo ainda não tivesse sido 
debulhado em sua folhinha. Numa outra, pega o
 carro com a mulher e sai a passear numa terça-feira 
qualquer, atrás dos caminhos que levam a um lugar 
qualquer, não importa onde seja, basta apenas chegar.
 Noutra, tem de tomar um digestivo, porque aquele 
leitão à pururuca que sempre fizera muito bem à
 saúde desta vez não caiu bem. Noutra, vai encontrar 
os amigos para um, dois cafezinhos na galeria refrigerada, jogando conversa fora ou tentando consertar o mundo 
antes do final dos tempos. Um dia, olha com admiração a juventude que passa feliz à sua frente e sente que 
também já foi assim. Noutro, repara a falta de
compromisso dos jovens com os destinos do país e
 imagina que tudo estará perdido daqui mais cem
 anos, quando nem mais será lembrança. Um dia, 
prepara aquela feijoada que só você sabe fazer e 
reparte com os amigos o paladar exclusivo da amizade, 
e bebe pinga, tira gosto com linguiça, torresmo e 
chouriço, e não sente nenhum incômodo no dia seguinte.
 Um dia, percebe que aquilo que hoje se estuda em
 história era notícia para você, que estava mesmo no
 meio dos acontecimentos. Um dia, enfim, fecha os 
olhos para dormir e não acorda em lugar nenhum, 
e seu nome passa a ser apenas uma referência 
efêmera entre os que permanecerem acordados 
por mais outros tantos dias e tardes e noites, e
 assim por diante.

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